Eu sou metódico, gosto das coisas
certinhas e fico tremendamente satisfeito quando todos executam as tarefas do
mesmo jeito e dedicação com que eu me empenho. Eu gosto de chegar na hora certa,
não atraso para os meus compromissos e procuro cumprir com todas as minhas
obrigações. Será que o meu jeito é o mais correto? Talvez não, já que para
muitos, as pessoas que agem assim são tachadas de chatas. O meu jeito pode ser o
menos prejudicial para a sociedade, mas com certeza não agradará a todos, porque
cada um leva a vida a sua maneira.
O jeito é algo que cada pessoa lida da
forma como se sente mais segura e a faz feliz. Diferentemente do que acontece
conosco onde controlamos as nossas emoções, com os outros há um mundo particular
que é controlado por elas e somente a elas compete qualquer alteração mais
radical no seu modo de vida, portanto, querer mudar o comportamento dos outros é
invadir um espaço privado onde não temos o direito de acesso, nem tão pouco de
implementar mudanças.
Muitas vezes há no nosso trabalho idéias
e posições diferentes que acabam em discussões desnecessárias. Temos o péssimo
hábito de confundir posição por imposição, palavras totalmente opostas, mas que
acabamos por considerá-las sinônimas, e que na realidade não são. Enquanto a
primeira tem a ver com atitude, a segunda nada mais é do que uma determinação,
que dependendo do contexto em que for empregada, pode até soar como arrogância.
Por isso devemos refletir sobre a enorme diferença que há entre as pessoas e
saber tolerar o ponto de vista de cada uma delas, muito embora não devamos
concordar com tudo e nem com todos.
Todos nós em algum momento já ouvimos
falar que: “Nós devemos saber impor”, frase que eu acho totalmente inadequada,
até porque ao impor, nós deixamos de debater e quando abandonamos o debate,
criamos um hiato que distancia o direito de falar do dever de ouvir. Bater o
martelo, dar a última palavra, deve sempre vir precedido de opiniões. Saber
escutar é um ato de respeito para com o colega de trabalho, amigo ou familiar,
ato que muitas vezes não estamos dispostos a tê-lo.
Eu cheguei a conclusão que é muito
melhor tentar entender o mundo como ele é, do que tentar confrontá-lo. Querer
criar um mundo a nossa imagem e semelhança é humanamente impossível devido às
diferenças de cada indivíduo. Compreender e tentar aceitar o mundo tal como ele
é não significa concordar com tudo o que acontece de errado, mas aceitar que há
pessoas que pensam diferente de nós e que não farão as mesmas coisas, do mesmo
modo, no mesmo tempo e com a mesma qualidade que julgamos ser a mais correta.
As pessoas possuem gostos, jeitos e
manias que divergem e quase sempre contrapõem aos nossos, podendo inclusive nos
aborrecer. Saber entender, respeitar e principalmente aceitar essas diferenças,
é mais do que generosidade, é um gesto de amor àqueles que pensam diferente.
Pela grande diversidade de comportamentos e pensamentos, cada indivíduo acaba
interagindo com o meio onde vive à sua maneira e com certeza será diferente de
nós, mesmo que tenhamos alguns pontos em comum, esse é o preço que pagamos nos
relacionamentos interpessoais. Se o fim justifica os meios, não interessa se
você pegou o atalho da direita ou da esquerda, o importante é chegar. Existe
o nosso mundo, o mundo dos outros e o mundo comum onde todos nós de uma maneira
ou de outra temos que conviver, apesar das diferenças.
No mundo há muitos jeitos, qual é o
seu?