Por: Valdeci T. Ribeiro
Há um tempo atrás minha televisão deu mostras que estava cansada e pifou – como é um aparelho que eu ainda considero moderno, pois a época que compramos era top de linha, achei por bem mandá-lo para o conserto – depois de quase um mês o aparelho retornou e aparentemente estava perfeito, também pudera, paguei quase o preço de uma televisão pequena para consertá-lo, mas valia a pena, tendo em vista que o televisor poderia render boas horas de diversão antes que pifasse novamente. O único pacto que eu fiz comigo mesmo é que se desse problema de novo eu não consertaria uma segunda vez.
No início o velho televisor, que não era tão velho assim, estava com a imagem perfeita, parecia novo, mas foi só impressão. Três meses após o conserto o aparelho começou a dar problemas e quando isso começa a acontecer é melhor nem se estressar e partir logo para um aparelho novo - não vale a pena recorrer nem a garantia dada pelo técnico, é aborrecimento na certa.
Engraçado, os objetos de hoje parecem ser feitos para não durar muito tempo – em qualquer manual do usuário é possível ver a quantidade de horas de vida útil de um aparelho eletrônico, notadamente os televisores modernos. Por que será? Às vezes eu me pego fazendo essa pergunta. Eu até acredito que os fabricantes façam isso de propósito – eles sabem que precisam manter o cliente sempre comprando, por isso há tantas novidades no mercado. Um aparelho eletrônico fica desatualizado muito rapidamente, posso dizer até que de 6 em 6 meses há sempre alguma novidade nas lojas. Vejam por exemplo o caso da indústria automobilística que lançam modelos para o ano seguinte mesmo tendo nas lojas carros zero quilômetros – é possível, inclusive, encontrar veículos do mesmo modelo e marca lado a lado, sendo um zero quilômetro e outro mais novo ainda.
O apelo para o consumo é cada vez maior - basta comprar um jornal de domingo e verificar que ele está recheado de encartes de diversas lojas com os mais variados produtos e prestações a perder de vista. Eu particularmente não me deixo levar por esse massacre midiático em torno do consumo, entretanto, confesso que é bastante tentador.
Será que a nossa vida está se resumindo em trabalhar, acumular e comprar?
Já tem um tempo que eu venho conversando com minha esposa e pesquisando na internet qual televisor seria o mais indicado para substituir o antigo. Pesquisei em sites especializados, conversei com pessoas que já tinham adquirido um aparelho novo, enfim, fiz a lição de casa, de forma que eu já estava preparado para comprar um novo televisor quando fosse necessário.
Só para ter uma idéia, eu pesquisei não só o preço de cada modelo e marca, mas a tecnologia que cada aparelho oferecia. É tanta novidade que deixa o comprador maluco na hora da escolha. Vi os prós e contras entre as TVs de Plasma, LCD e LED e todos os recursos que cada uma delas pode oferecer – depois de muito pesquisar resolvi optar pela LCD, porém, como a última palavra é sempre da patroa, acabamos levando a novidade LED pra casa. Estou satisfeito, no entanto, já andei lendo sobre a TV 3D que a Sony está lançando e o bichinho do consumo começou a coçar. Quando vou adquirir um aparelho assim eu não sei, mas que é tentador ter uma TV com esse pacote de tecnologia na sala, com certeza é.
Parece que a tecnologia nunca satisfaz o usuário – o aparelho de telefone celular é hoje um dos maiores objetos do desejo das pessoas, especialmente os jovens. Nem precisa ser esperto para perceber que a indústria sempre está lançando alguma novidade – funções mais aperfeiçoadas são incorporadas aos aparelhos de celular a cada novo lançamento, deixando ultrapassado o modelo que você adquiriu recentemente.
Muitas pessoas não se importam com a publicidade agressiva em torno das novidades e não se deixam levar por qualquer coisa, mas há os aficionados em tecnologia que nutrem uma vontade desesperada de estarem atualizados com o progresso tecnológico e acabam comprando um novo lançamento sem pestanejar.
Seria a tecnologia uma espécie de droga? A julgar pelo papel de dependência que a tecnologia causa nas pessoas eu poderia dizer que sim – a tecnologia é a droga do século 21. Outro dia eu estava lendo em um jornal de grande circulação sobre uma garota que passava 12 horas por dia twitando. Imagine você uma pessoa jovem que poderia fazer um monte de outras coisas no mundo real, desperdiçando a sua vida em frente ao computador mandando mensagens atrás de mensagens, muitas vezes completamente sem nexo, durante 12 horas por dia, todos os dias da semana.
Uma coisa completa a outra
O salto tecnológico pelo que passamos em tão curto período de tempo nos obriga queiramos ou não a comprar algum eletrônico novo, pois se insistirmos com o antigo ficaremos para trás. Existe sempre a possibilidade de não tirarmos todo o potencial de um equipamento se este não for compatível ou não tiver uma tecnologia suplementar. Um exemplo clássico é a TV digital – como é que eu vou ter todas as maravilhas da TV digital na minha casa utilizando uma TV que recebe sinal analógico? Compre um conversor - e se eu não comprar? Sem problemas, até 2016 está garantida a geração do sinal analógico, depois não tem jeito, ou você compra uma TV com conversor integrado ou compra um conversor à parte, porque estará disponível somente o sinal digital.
Quem compra uma TV LED HD como foi o meu caso, não necessitará de um conversor digital, pois este já vem embutido nos modelos novos, mas pode pensar em aposentar o DVD, porque a onda agora é o Blue Ray - quem sabe até comprar um home theater para tirar maior proveito do som, ou seja, você nunca terá a última novidade em casa, por isso, é melhor dominar esse mostro do consumo que habita o nosso interior e fazer a troca dos equipamentos somente quando eles não servirem mais ou comprar somente o que for adequado para a sua casa.